A empresa que ganhou a concessão das rodovias do Sul de Minas já começou a operar, inclusive com algumas pequenas intervenções de reparo e manutenção nas vias, mas ainda não há qualquer prazo para início das obras que permitiriam o desbloqueio da BR-459, uma das oito rodovias da região que foram concedidas à iniciativa privada.
Com a via bloqueada desde 21 de janeiro, no trecho entre Pouso Alegre e Poços de Caldas, o governo de Minas deu a entender até que faria uma obra emergencial, por meio do DER-MG, mas recuou na sequência, reconhecendo que as obras só seriam feitas após o início da operação da concessionária.
A última versão do governo de Minas, dada no final de janeiro, era de que a concessionária, que àquela altura ainda não havia assumido as rodovias, já estaria elaborando o projeto de engenharia para fazer as obras do trecho.
De lá pra cá, mais de 40 dias se passaram e parece que pouca coisa avançou, já que a empresa Concessionária Rodovias do Sul de Minas, agora administradora do trecho, afirma que “há um plano de trabalho em andamento para a elaboração do projeto, a partir do qual será possível executar as obras de correção, que permitirá solucionar a questão com assertividade e liberar o tráfego em segurança”.
A linguagem pouco direta e protocolar deixa claro o que deixou de dizer: não há previsão de início das obras no quilômetro 62 da BR-459, bloqueado por fissuras, afundamentos de solo e risco de desmoronamento desde 21 de janeiro.
Prejuízo fica com municípios e seus moradores
O bloqueio da BR-459 tem afetado os moradores da região de diversas maneiras. Quem precisa pegar ônibus intermunicipais no trecho entre Poços de Caldas e Pouso Alegre, por exemplo, precisa fazer uma rota alternativa e pegar dois ônibus pela MG-179 e BR-267. Com o trecho alongado, a passagem encarece mais de 50%, passando de cerca de R$ 54 para algo em torno de R$ 82.
A coisa complica ainda mais para os municípios que estão na divisa do trecho bloqueado. Em Senador José Bento, a Prefeitura precisou fazer inúmeros investimentos em rotas alternativas que passam por trechos rurais. Detalhe: não contou com uma única ajuda do governo estadual.
Como as rotas alternativas indicadas pelo município passaram a ser utilizadas por veículos de carga, foi necessário proibir o tráfego de caminhões com mais de quatro toneladas. Eles começavam a causar estrago nas vias que, obviamente, não foram projetadas para suportá-los.
O mesmo município precisou ser criativo para manter o transporte de moradores que estudam em Pouso Alegre. A operação é feita em duas etapas. Um primeiro veículo, da frota municipal, leva os estudantes até o trecho interditado. No local, os passageiros descem e sobem no segundo veículo, que continua a viagem a partir dali.