Prefeito não consegue apoio nem mesmo da base aliada. Medida gerou intensos protestos de pais, alunos, professores que tiveram apoio dos vereadores
Irredutível. Assim tem se posicionado o prefeito municipal na questão da transferência do Ensino Médio Municipal que funciona no CIEMs do Algodão e do Fátima e no CAIC Árvore Grande, mesmo após manifestação de alunos, pais e professores, inclusive na Câmara onde estiveram ´para pedir apoio dos vereadores para a questão.
Sob a alegação de déficit de vagas para crianças de até 5 anos na rede municipal e falta de verbas para a construção e ampliação das unidades já existentes, afim de cumprir a determinação de uma ação civil pública proposta pelo Ministério Público, através do promotor Marcelo Rutter Sales, o município enviou ofício para que o estado assuma o ensino médio existentes nestas três unidades municipais, a partir de 2018, conforme estabelece a Lei 9396 de 1996 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional).
Os alunos temem que com a mudança a qualidade do ensino diminua e se sentem prejudicados. O assunto dominou o uso da tribuna e os vereadores se posicionaram contrários a decisão da administração, reclamando que não foram consultados sobre o assunto e apenas foram comunicados da decisão.
A medida gerou descontentamento dos vereadores em sessões passadas que teceram duras críticas ao chefe do Executivo, inclusive dos que compõem a base governista na casa legislativa. Emocionado, Dito Barbosa (PSDB) afirmou na ocasião: “Essa semana para mim foi como se eu tivesse perdido alguém da minha família. Foi um golpe muito baixo para nós pousoalegrenses. Eu tinha como certeza que essas escolas eram um direito adquirido de vocês alunos, de vocês pais. Todas estas escolas maiores, na época em que eu era vereador, lutei para conquistar os terrenos, doei o terreno lá do Ciem do Algodão, que foi o primeiro da zona rural. O prefeito está dizendo que vai dar o transporte escolar. Nesse mandato. E no outro?
Nós estamos na regressão do Ensino Médio Municipal. O bom administrador não gasta 25% na educação. Ele gasta 25, 30, 40, 50% na educação”, finalizou Dito Barbosa que passou mal após o pronunciamento e deixou a sessão.
Quem também fez um duro discurso contra a atitude do prefeito foi o vereador Bruno Dias (PR) que afirmou ter estudado a ação proposta pelo Ministério Público e que em momento algum assinala como saída a entrega do ensino médio ao estado como forma de resolver o problema da falta de vagas em creches do município, acusando o prefeito de estar usando alunos como moeda de troca.
“As comunidades escolares querem ver suas conquistas preservadas e eu, quero o cumprimento de uma promessa de campanha do prefeito Rafael Simões. Compromissos assumidos devem ser honrados. Não é pelo voto, mas é pela dignidade. Nós podemos perder a eleição, mas não pode perder a dignidade. E compromissos assumidos devem ser executados”, cobrou o vereador.
As cobranças continuaram em discursos acalorados. Mariléia Franco (PSDB) disse que como educadora não poderia deixar de se posicionar sobre o assunto. “No que está dando certo não se mexe”, disse a vereadora.
Outros tentaram colocar panos quentes na situação e disseram que é preciso conversar sobre o assunto com o prefeito. Procurar outras formas de resolver a questão e atender as exigências feitas pelo representante do Ministério Público.
Adriano da Farmácia (PR) foi enfático ao criticar a postura do prefeito dizendo: “Deixa eu ver se eu entendi. No hospital (FUVS) está brigando para que ela não passe para o Governo do Estado, que é do PT. Agora está brigando para passar o Ensino Médio Municipal para o governo do PT?
Temos acompanhado as discussões em redes sociais e as opiniões são divididas, mas o assunto merece uma atenção maior e muita serenidade no momento. Afinal, são mais de 700 alunos envolvidos diretamente na questão.