Vereador André Prado cobra mais ação e menos demagogia da administração

Língua afiada: O vereador mandou o prefeito Rafael Simões (PSDB) fazer primeiro o dever de casa e arrumar a saúde municipal para depois cobrar este ou aquele

Por mais que se tente e por mais tempo que se afaste o início turbulento da atual administração, os ânimos parecem não diminuir na Casa das Leis e como disse o vereador Rodrigo Modesto: “Não se trata mais de Nós contra Eles. Base versus Oposição”, mas alguns temas tornam-se impossível fazer esta distinção.

Alguns temas e algumas ações, impreterivelmente vão remeter a discussões mais acaloradas e ditar o norte das discussões.

O tema Saúde é um deles e foi justamente este tema que tomou conta dos discursos dos vereadores no uso da tribuna na sessão desta semana.

O vereador André Prado aproveitou o assunto para um desabafo: “Antes de começar gostaria de colocar um vídeo onde nosso prefeito aparece fazendo uma crítica ao governador sobre este tema da saúde que já foi explorado por alguns colegas”.

“Estamos aqui junto dos funcionários do HCSL para fazer uma manifestação em prol da saúde, em prol da vida. É uma vergonha o que vem acontecendo em Minas Gerais, com a falta de dinheiro para a saúde. Nosso hospital tem atendido constantemente as pessoas sem receber. Isso não pode mais continuar. Porque vai chegar o momento que teremos que fechar as portas. E aí pergunto. Para onde vão estas pessoas. Esse governo irresponsável que prometeu saúde para o povo de Minas Gerais e hoje falha. Não paga os serviços que recebeu por contrato. Nós temos que mudar isso. Nós precisamos convocar a população para dizer não a isso. Nós queremos sim, uma saúde de qualidade”, diz o prefeito em vídeo.

“Em primeiro lugar, eu que­ria lembrar que a gente antes de cobrar, a gente precisa fazer o dever de casa. Então, queria perguntar ao senhor prefeito: Como está a Saúde do Município? Ele está cuidando bem da Saúde do Município? Tem remédio para todo mundo nas farmácias? Os exames estão indo bem? Os postos de saúde estão em bom estado de conservação? Tem médicos suficientes para atender a população? Estes médicos que tem, estão trabalhando nos horários corretos?

Queria saber se ele teve conhecimento de que uma médica agrediu um paciente no Pronto Atendimento do São Geraldo na semana passada?

É muito fácil apontar o dedo, sem cuidar do que deveria estar cuidando. Hoje chegou aqui na Câmara uma mo­ça com receitas de medicamentos e me falar. Pode rasgar André, porque não tem esse remédio na farmácia municipal. Essa receita não tem validade nenhuma. Então do que adianta falar do governador se não faz o dever de casa. Falar que não tem dinheiro. Claro que tem. Cadê o repasse obrigatório para a saúde?

É engraçado, quando o prefeito era só do hospital, botava a culpa na prefeitura e agora que é da prefeitura, bota a culpa no Estado. A população não aguenta mais este tipo de desculpa.

Vai morrer gente? Vai! Mas vai morrer por outras faltas. O senhor ganhou as eleições para cuidar dessa cidade. E o que está faltando para que isso aconteça? Já que o assunto é Saúde, gostaria de deixar algumas perguntas em relação ao hospital e se alguém tiver a resposta. Por favor.

“Quero saber se a dívida da administração anterior para com o HCSL foi quitada. De quanto era essa dívida? Quando ela foi quitada? Os repasses do município para o hospital estão sendo feitos pela administração atual? Qual é o montante repassado pelo município? Estamos pedindo transparência, porque isso não existe nesta gestão. Ninguém sabe nada. Realmente, como bem disse o vereador Rodrigo Modesto, essa Casa não tem como saber de tudo e não tem mesmo. Porque a Prefeitura é uma caixa Preta. Nenhuma solicitação que é feita vem. Não tem organograma. Estão escondendo o número de cargos comissionados”, desabafou Prado.

“Hoje vimos aqui o Ministério Público cobrando explicações sobre assessores dos vereadores Bruno e Adelson. Eu acho que tem problemas maiores lá na prefeitura. Gente que trabalha na Faculdade de Direito no horário de expediente na prefeitura. Acho que o MP deveria dar uma investi­gada, porque vai achar coisa lá”, disse André Prado.

Os questionamentos do vereador André Prado nos remeteram a algumas matérias que fizemos anteriormente, das quais posteriormente tanto o atual prefeito, que na época era o presidente da FUVS, quanto a atual secretaria de Saúde que na época ocupava o cargo de diretora administrativa da instituição afirmavam ser um problema crônico a superlotação e o afogamento de atendimentos no HCSL, culpa de uma falta de estrutura na rede municipal de saúde e por isso, a população recorria ao hospital em busca de atendimento.

O discurso proferido pelo prefeito municipal no vídeo da manifestação da última semana, em muito coincide com o discurso de Simões quando alçado pelo governador Anas­tasia ao cargo de presidente da FUVS.

“Nossa situação hoje é a seguinte: A prefeitura nos deve R$3.1 milhões. O SUS nos deve R$11 milhões. Sem esse dinheiro o hospital corre o risco de fechar as portas”, disse o prefeito quando reuniu empresários para expor a situação financeira da instituição.

Mais à frente, quando o jornal Folha de Pouso Alegre expôs a real situação de en­dividamento do Hospital Sa­muel Libânio. O atual prefeito montou uma grande rede de comunicação que envolveu jornais impressos, Rádio Univás e outros meios de comunicação particular para atacar nosso semanário, dizendo que as informações eram irresponsáveis (informações estas confirmadas posteriormente com farta documentação) e que aquilo poderia fazer com que fornecedores deixassem de atender o hospital. Que tais informações poderiam provocar o fechamento do hospital. E que ele como segundo maior empregador da cidade, era responsável por uma folha de pagamento de aproximadamente 2.000 funcionários e cerca de R$10 milhões mensais.

Ora. Se a Folha consome R$10 milhões mensais, a falta do repasse no montante anunciado seria o suficiente para cobrir apenas um mês de folha. Como ficariam os outros 12 meses? Não estamos dizendo que não é necessário que este repasse seja feito. É sim. O Governo do Estado tem por obrigação cumprir com os convênios firmados por ele e precisa fazer isso em dia.

Assim como deve fazer o município de Pouso Alegre e também todos os outros que são atendidos no Hospital das Clínicas Samuel Libânio. A prefeitura precisa estruturar seus postos de Saúde para desafogar o Pronto Socorro do HCSL, pois como foi bem dito pela atual secretária de Saúde e também pelo ex-presidente da FUVS e atual prefeito, o atendimento de Saúde Primária é responsabilidade da administração municipal e assim deve ser feito. Afinal, o que era cobrado anteriormente, é preciso ser colocado em prática na atualidade.