Hospital Regional Samuel Libânio enfrenta superlotação e demora para atendimentos

Na instituição referência na região, parentes de pacientes registraram vídeos mostrando corredores lotados

O Hospital das Clínicas Sa­muel Libânio, é referência na região, atendendo pacientes de 191 municípios em casos de urgência e emergência. Mas a longa espera por atendimento tem sido constante, segundo moradores. Inconforma­dos com a situação, parentes de pacientes filmaram os corredores do hospital lotados, e alguns pacientes chegam a esperar cerca de uma semana por uma internação. A instituição confirma a superlota­ção e afirma que a falta de repasses de verba estadual tem comprometido o atendimento.

Madalena Barbosa Silva estava impaciente na quarta-feira (14). O marido dela sofreu um acidente de motocicleta na segunda-feira (5) e mais de uma semana depois não tinha passado por cirurgia. “Na segunda-feira, que eu cheguei aqui com ele, eu cheguei 16h e fui sair era duas horas da manhã. Ele fraturou o dedinho da mão esquerda, era pra ser marcada a cirurgia 6h de hoje [quarta-feira]. Eu cheguei 5h, eles marcaram, mas o corredor está lotado e até agora ele ainda não foi atendido.”

Ainda na quarta-feira, Elisabete Borges passou por uma situação parecida. Parentes dela também sofreram um acidente e estavam à espera de atendimento. “Ele ficou duas horas dentro da ambulância e não tinha uma maca para ‘por’ ele pra dentro. Ele está até agora lá dentro esperando um neurologista pra olhar ele, gritando de dor e não tem ‘neuro’. Ele quebrou uma vértebra, então isso aqui está um caos.”

Uma mulher fez imagens na terça-feira (13) mostrando a conversa entre o médico e um paciente com o braço quebrado. No vídeo, o paciente fala que está há uma semana naquela situação. O médico, então, diz que é melhor passar o fim de semana em casa e voltar na segunda-feira (19).

A mulher que fez a filmagem, que prefere não ser iden­tificada, tem uma pessoa da família que também estava há dias no hospital, sem atendimento. “O pronto-socorro está cheinho, os corredores de pacientes esperando uma va­ga pra internar. Diz que não tem enfermaria pra colocar eles.”

Outro vídeo feito por ela mostra o hospital cheio de pacientes, em macas espalhadas pelo corredor, até mesmo um idoso. “A situação da família é muito difícil, porque a gente vê uma coisa dessa, a gente sofre muito, porque a gente não gostaria de uma pessoa da gente lá sofrendo daquele jeito.”

 

Sem verba e vagas

O diretor executivo da fundação mantenedora do Hospital Samuel Libânio, Igor Souza, confirmou a super­lotação nos atendimentos e disse que o Governo do Estado não tem cumprido com os repasses devidos. “Isso afeta toda a região, e como nós somos referência em atendimento à população do Sul de Minas, nós continuamos atendendo e essas pessoas vêm pra cá. Então nós estamos fazendo o que nós podemos pra continuar atendendo, realmente existe uma super­lotação, um atendimento além da capacidade.”

Ainda segundo Souza, atualmente, o pronto-socorro do hospital é dimensio­nado para 10 pacientes ficarem em observação, mas tem uma média de 40 internados. “Por essa falta de vagas, então o cancelamento da cirurgia, ela ocorre por emergências que chegam, nós temos que atender, e infelizmente não temos vagas para todos os pacientes.”

Sobre o caso registrado em vídeo, do paciente com o braço quebrado, Souza afirmou que os médicos do hospital têm autonomia para avaliar se os casos são urgentes. “Muito provavelmente, se for uma urgência, ele não vai mandar o paciente pra casa, ele vai ser atendido de alguma forma.”

 

Problema antigo

Não é de hoje que nosso periódico noticia os problemas enfrentados pelo Hospital Samuel Libânio, sua crise financeira e superlotação em seu Pronto Socorro e demais setores.

O assunto tem sido pauta de matéria não só nos meios de comunicação, mas também foi amplamente explorado durante a campanha eleitoral, onde o ex-presidente da instituição, falava aos quatro cantos estas dificuldades e afirmava que o problema era causado pela falta de estrutura nos postos de saúde da cidade e que a administração não dava a estrutura necessária para o atendimento primário e que a população sempre procurava o HCSL para estes atendimentos.

Ora, se o problema é causado pela falta de estrutura nos postos de saúde do município, não é hora da atual administração dar esta estrutura, tão cobrada anteriormente, uma vez que o ex-presidente da instituição e a ex-diretora executiva são atualmente prefeito e secretária de Saúde respectivamente.

Em seu pronunciamento na sessão desta terça-feira, 20, o vereador Arlindo Motta comentou a situação do HCSL e solicitou auxílio dos demais vereadores.

“Como eu falei, devoção, dedicação, compromisso, essas três palavras é o simbolismo que o nosso hospital Samuel Libânio está passando. Mais uma vez convoco os vereadores desta casa para juntos, buscarmos junto ao governo do Estado, junto aos deputados que vem aqui, ganham o voto de confiança e precisam nos socorrer agora. Nosso hospital está endividado. Nosso hospital está para fechar e não podemos cruzar os braços. Não podemos esquecer disso.

Estamos aguardando os posicionamentos e as datas solicitadas para darmos se­quência ao nosso planejamento com relação ao hospital Samuel Libânio, disse o vereador.

Precisamos concordar com o vereador que o hospital está endividado, afinal este assunto foi tema de matéria do nosso jornal e na época fomos questionados judicialmente, atacados incansavelmente, sob a afirmação de que os números por nós apresentados eram inverídicos, não existia dívidas e as contas eram superavitárias. O que mudou de lá para cá?