A justiça devolveu o controle do Diretório Municipal de Pouso Alegre ao grupo de Jair Siqueira e Chico Rafael e Comissão Interventora é dissolvida
Quando publicamos na edição passada que “o infeliz encontro de inocentes úteis e espertos inúteis não será mera cicatriz na política pousoalegrense. É a tal agenda da intolerância a ser implantada, na certeza de que o pousoalegrense é manso, pode ser traído que ainda assim se curvará ao amadorismo presunçoso do coronelismo político disfarçado de “novidade”. E certo é que não se conquista e nem se mantém o poder com uma costura esfiapada e desleixada como a que o PSDB estava descosturando para as próximas eleições. E que quem não tem a sua própria costura política será parte da costura política de alguém, parafraseando publicação nas redes sociais, não era mera coincidência.
A tentativa antidemocrática de dissolver o diretório municipal do PSDB na cidade, liderada por Rafael Simões, foi revertida por decisão da justiça da Comarca de Pouso Alegre. A decisão foi proferida no final da tarde de ontem, 22 de julho, pelo juiz Dr. Gustavo do Valle atendendo decisão monocrática do desembargador Tiago Pinto que determinou a Justiça comum de Pouso Alegre se posicionasse sobre o caso, suspendendo os efeitos da decisão agravada e determinando que a ação instaurada pudesse retomar o seu curso até que se delibere de modo definitivo sobre a questão do mérito. Ou seja, o desembargador determinou que a comarca de Pouso Alegre tem a competência de decidir o futuro da candidatura tucana na cidade. E assim foi feito pelo juiz da 1a Vara Cível, que deliberou assim: “Inicialmente, indefiro o pedido de assistência formulado pela Comissão Interventora do Partido da Social do Partido da Social Democracia Brasileira de Pouso Alegre, haja vista que, em meu entender, tal órgão, sendo simples longa manus do Diretório Estadual de Minas Gerais, para fins da intervenção decretada sobre o Diretório Municipal, não é terceiro em relação ao Diretório Estadual, não possuindo, destarte, capacidade judiciária para intervir no feito…
Que a intervenção do Diretório Estadual sobre o Diretório Municipal se deu inequivocadamente para garantir que o filiado Rafael Simões seja o escolhido na convenção partidária referente ao pleito de 2016 que seja ele e não o filiado Chico Rafael o candidato a prefeito pela referida legenda…
Pelo exame dos autos, percebo preliminarmente que não há ato concreto do Diretório Municipal capaz de se enquadrar nas hipóteses previstas no art. 136 do Estatuto do partido PSDB. Assim, não se pode tolher do Diretório Municipal, a sua prerrogativa de escolher, dentre os interessados, não sendo lícito se realizar juízo hipotético e antecipatório, eventual escolha do filiado Rafael Simões como candidato do partido para o cargo de prefeito e com base em tal juízo, decretar a drástica medida de intervenção que, obviamente ostenta a nota da excepcionalidade…
Pelo exposto… Fica dissolvida por ora a Comissão Interventora do PSDB”, assim entendeu o Exmo Juiz de Direito Gustavo Henrique Moreira do Valle.
Desdobramentos
O Jornal Folha de PA já acompanha o racha do ninho tucano desde o mês de abril e segundo informações de lideranças ligadas ao ex-prefeito Jair Siqueira e sua esposa a Vereadora Lilian Siqueira, independente do resultado judicial da guerra interna entre Rafael Simões e Chico Rafael, que possivelmente não chegou ao fim, uma vez que ainda cabe recurso da decisão judicial ora tomada, o grupo liderado pela família Siqueira não estará caminhando junto com o candidato Rafael Simões, por acreditar que “um candidato que não respeita as instâncias democráticas dentro de seu próprio Partido, não terá condições de progredir em uma campanha na cidade e que Simões não defende os valores praticados pela legenda em sua história no município”, disse.
Como fica agora
A convenção partidária convocada pela Comissão Interventora para este sábado foi cancelada e tão logo tivemos notícia da decisão judicial, nossa equipe entrou em contado com o pré-candidato Chico Rafael para saber os passos a serem seguidos de agora em diante.
“Nós queríamos que fosse feita a justiça. Queríamos e queremos que as coisas transcorram dentro da normalidade. Convocamos e mantemos a convenção partidária a ser realizada pelo Diretório Municipal para o domingo (24). Caso seja do interesse do pré-candidato Rafael Simões em participar da escolha do nome que representará o partido no pleito de outubro, ele pode fazê-lo. Basta que ele registre sua candidatura e passe pelo processo normal de escolha. Estamos abertos a isso. Caso ele saia vencedor na convenção, aceito o resultado. É só isso que buscamos desde o início: Queremos apenas que as coisas caminhem dentro da normalidade, dentro da lei, sem que queiram nos enfiar goela abaixo, o nome que escolheram deliberadamente”, disse Chico.
Para onde vão os partidos que formavam base de apoio a Simões
Uma das perguntas que tem se tornado frequentes é para onde migram os partidos que fazem parte da base de apoio ao pré-candidato Rafael Simões, como é o caso do PPS, que já declarou apoio em rede social a Simões, mas não tem a intenção de apoiar o PSDB, caso o candidato seja outro.
Assim sendo, qual o rumo deve ser tomado pelo partido diante do impasse? Como ficarão o PSL, PTB, PP, PR e outras legendas? Na briga de dois, perdem todos. As cicatrizes dificilmente vão se fechar até o pleito e certamente simpatizantes de uma candidatura não deverão apoiar a vencedora na disputa interna. No momento, a única coisa que se pode fazer é esperar.